Lembro-me que sentia muito medo do meu professor de Geografia, era o mais severo, quando entrava na sala era silêncio total, uma mistura de medo e respeito nos envolvia em uma aula muito produtiva. Acho que ninguém gostava dele, nem eu, mas hoje vejo que foi a matéria que eu mais aprendi.
Eu cabulava aula e era muito briguenta, nunca fui C.D.F. Naquela época também sofria por causa do Bullying. Me chamavam de neguinha do cabelo duro e eu ficava muito brava, às vezes perdia a razão, mas não permitia que me afendessem e batia em quem me xingasse. É como se voltasse no tempo, aquele cheirinho de adrenalina, minha infância tinha um gostinho de jujuba, eu era como um menino, tudo o que eles faziam eu fazia: jogava bola, empinava pipa, jogava bolinha de gude.
Naquela época, podia-se ficar na rua até tarde, não tinha tanta violência e eu adorava ficar na rua. Agente pegava tábuas de madeira e deciamos deslizando um morrinho de terra, uma vez até machuquei o dedão do pé. Eu aprontava muito, meu pai não gostava que eu ficasse na rua, mas sempre ficava, eu e meus irmãos. Quando a gente o via dobrando a esquina, corríamos pra casa, mas ele sempre nos via primeiro e apanhávamos muito.
No meu tempo as coisas não eram tão fáceis, nem nos estudos, nem quando se tratava de dinheiro. Ninguém passava de ano se não estudasse, hoje só tem falta muito é que repete. Quanto às condições financeiras, lembro que meu pai só comprava danone ou bolacha uma vez por mês, e tinha que durar o mês inteiro, mas isso nunca acontecia.
Depois que terminei os estudos, trabalhei na limpeza da escola, desde 1998 até 2005. Me tornei inspetora de alunos e todo dinheiro que ganhava, usava para pagar a faculdade, agora sou professora.
Durante todo esse tempo a escola não mudou muita coisa, o prédio sempre foi grande, mas todos os pisos eram de madeira e cada corredor tina um banheiro, hoje quando ando pelos corredores, as paredes azuis em minha mente, se transformam em um lado de lembranças que reflete todo meu passado aqui. Cresci em Diadema , morava na Rua Natal, vi a construção do shopping, vi a reforma da Praça da Moça, um lugar que era familiar e que agora é ponto de encontro de jovens até várias tribos.
Hoje quem estuda no colégio é minha filha. Apesar de ser professora, me decepciono muito, pois o ensino não é mais o mesmo. Antes podiam nos castigar, mas pelo menos, não existia todo esse vandalismo na escola.
Hoje está tudo muito diferente, sinto saudade dos velhos tempos.
Por: Geovanna Merquires Neves - 6ªC
Diadema, 30 de Junho de 2010
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Eu me chamo Valdívio José da Silva, tenho 49 anos. Nasci e cresci no município de Condeúba, na Bahia, em um tempo onde só existia mato. Lá eu morava na fazenda de meu pai, juntamente com a família.
O município era grande, tinha muitas fazendas, sítios, chácaras, mas a cidade mesmo era longe e grande. Lá havia escolas, mercados, vendas ( o que hoje são as docerias ) mas mesmo assim, os trabalhos que predominavam naquela época eram a agricultura e a adropecuária.
A fazenda de meu pai se chamava "Fazenda Araçá". Era grande, mais ou menos do tamanho de um bairro. Para ajudá-lo eu comecei a trabalhar na fazenda com apenas seis anos; ajudando nas plantações de milho, feijão, arroz, mandioca e alguns temperos.
Desde então não existia assim, tanto tempo para brincar de esconde-esconde no meio daquelas plantações enorme, também gostava de apostar corrida de cavalo e brincar com carrinhos e bonecos de madeira que eu mesmo esculpia; mas tudo isso eu não pude fazer mais.
Eu vivi naquela cidade por apenas dezesseis anos, até que então, por um problema de saúde de minha mãe, eu, meu pai, minha mãe e meus 8 irmãos viemos para São Paulo. Eu era ( e ainda sou ) o filho mais velho, e por isso eu cuidava de meus irmãos.
Sinceramente , eu não queria jamais me mudar para cá, porque onde eu vivia era bom, eu gostava de lá. Demorei muitos anos para me adaptar à cidade grande. Minha mãe fez o tratamento e deu tudo certo. Perdi costumes que eu gostava, como tomar banho na cachoeira, nadar ou até mesmo andar a cavalo. Nunca mais voltei lá...
Anos depois, eu conheci a mulher que hoje é minhas esposa, e pensei comigo mesmo: eu nunca me casarua se não fosse o destino, minha mãe ficar doente. Meu casamento não foi uma grande festa, mas representou muito na minha vida. Minha esposa é tudo na minha vida, sem ela eu não conseguiria viver.
Hoje nem sinto mais o desejo de voltar para a Bahia, guardo com carinho as boas lembranças da infância, e da minha adolescência. Já estou adaptado aqui e minha família agora cresceu. Tenho um bom emprego, uma boa casa, e, além disso, uma família feliz. São Paulo agora é o meu lugar, minha vida.
Por:Lucas José da Silva - 6ªA
Diadema, 03 de Agosto de 2010
Diadema, 03 de Agosto de 2010
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Quando eu era criança, no lugar dos altos edifícios de hoje, haviam muitas casas residenciais. Quase todas elas eram muito simples com telhados vermelhos e paredes brancas de muros baixos. Hoje onde é a Praça da Moça, antigamente era um horrível e fedorento matagal, com um enorme córrego mal cheiroso. Quando chovia o fedor subia, e tudo começava a cheirar mal. As casas mudaram muito por aqui. O mercado mais próximo que havia na cidade era o Compre Bem , antigamente ele se chamava Barateiro. No lugar da escola Florestan Fernandes havia um terreno baldio, hoje sabemos que o Florestan acolhe alunos da universidade federal. Quem diria uma universidade em Diadema, UNIFESP.
Os professores do João Ramalho,e scola em que eu estudei , eram bem rigorosos naquela época. O nome do professor de história mais temido era Borg. Quando ele colocava os pés na sala de aula, todo mundo levantava e falava em coro "Boa Tarde". Ninguém dava um piu e nem sequer suspirava. Os professores eram tão rigorosos que chegavam a bater na mesa com a régua de madeira, os meus ouvidos quase explodiam, tudo isso apenas para chamar a atenção dos alunos, não podíamos nem se quer nos mexer, porque se não assinavamos um tal de livro Negro, temido por todos. Morríamos de medo de ter de assinar o livro Negro. Era como ter uma ficha "suja".
Um belo dia, os meninos me chamaram para cabular. Nós discretamente pulamos o muro da escola, parecíamos um bando de ladrões fugindo da prisão, saímos olhando para todos os lados, para verificar se ninguém tinh nos visto. Nós fomos jogar vôlei, na rua do cemitério, quando nós nos distraímos, um professor nos viu. Tomamos um grande susto, tivemos que assinar o livro Negro, levamos uma advertência, depois disso nunca mais.
Na aula de Educação Física nós costumavamos brincar de bonecas de papel, desfile de moda, polícia e ladrão, etc. Eu também jogava muito bem futebol, era atacante, fazia muitos gols e ganhava medalhas.
Sinto saudades de tudo que já vivi, hoje tudo mudou muito, as casas, as brincadeiras, a escola e minhas amizades. Quero um dia poder viver tudo isso de novo, inventar uma máquina do tempo , para poder voltar a minha infância quando e quantas vezes quiser.
Por: Bianca de Cassia Goes - 6ª A
Diadema, 02 de Agosto de 2010
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